Toda criança adquire conhecimento através de uma série de funções cognitivas, como memória, linguagem, atenção, percepção e as funções executivas. Cada uma delas é responsável por processar informações específicas, mas todas se interrelacionam de alguma maneira.
As Funções Executivas (FE) podem ser definidas como o conjunto de habilidades necessárias para realizar diversas atividades do nosso dia a dia. Essas habilidades atuam no controle e na regulação de comportamentos que são requeridos sempre que a criança se envolve em determinadas tarefas ou situações novas.
As funções executivas dependem de um circuito neural cerebral, que fica situado no córtex pré-frontal e é responsável por coordenar e integrar todas as funções cognitivas, afetivas e executivas.
Seus 3 componentes principais são:
- O controle inibitório (autocontrole e autorregulação)
- A flexibilidade cognitiva
- A memória de trabalho.
O controle inibitório
É a capacidade de pensar antes de agir. É uma importante habilidade pois, aliada a atenção, inibe a impulsividade, os comportamentos inadequados, as respostas automáticas e também evita os estímulos que possam ser motivo de distração. Um exemplo de controle inibitório é quando conseguimos estudar com alguma música tocando, ou seja, é manter o foco nas informações desejadas, mesmo com a presença de algum distrator.
A memória de trabalho
É a capacidade de conservar as informações “na cabeça” durante a realização de uma tarefa. É resgatar aprendizagens já adquiridas para aplicar em uma situação nova ou criar estratégias de solução para uma situação futura. Um exemplo de memória de trabalho é quando a criança, ao escutar uma narrativa, consegue fazer associações ao que esta sendo lido para ela.
O conceito de flexibilidade cognitiva
É a capacidade de mudar os seus objetivos quando o plano inicial não deu certo, seja por imprevistos, novas demandas ou até mais de uma tarefa. Para isso, novos comportamentos devem ser adaptados as novas regras, gerando novas soluções e alternativas sem ficar preso a um padrão pré-estabelecido de comportamento. Sem a flexibilidade cognitiva, não seria possível resolver um problema de uma maneira diferente. Compreender diferentes maneiras de se jogar um jogo ou experimentar diferentes meios de resolver uma situação-problema de matemática são exemplos de flexibilidade cognitiva.
O ensino de estratégias para o desenvolvimento das funções executivas é muito importante e eficaz, pois impacta diretamente no desempenho escolar. Além disso,
Estudos revelam a importância dessas habilidades para as competências de leitura e matemática.
Alterações nas habilidades dessas Funções Executivas podem ser observadas em vários casos, como no Transtorno do Espectro do Autismo, no TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e Síndrome de Down.
As Funções Executivas não se desenvolvem de uma hora para outra.
Seu principal desenvolvimento ocorre de zero a seis anos de idade, período correspondente à primeira infância, e continua até o período da adolescência e início da vida adulta.
Porém é importante destacar que tais habilidades se concretizam em diferentes momentos dentro deste período, mostrando maior intensidade nas crianças entre os 5 até 7 anos.
Daí a importância de se trabalhar o desenvolvimento das Funções Executivas durante essa faixa etária.
As experiências vividas pelas crianças são fundamentais para aperfeiçoar as habilidades relativas às funções executivas.
As Funções Executivas são mais importantes para preparar uma criança para a escola do que o seu Quociente de Inteligência (QI). Crianças que possuem suas Funções Executivas bem desenvolvidas apresentam maior rendimento escolar, pois recebem com maior facilidade as instruções e apresentam menos dificuldade de aprendizagem.
As habilidades no campo executivo são primordiais para o controle e manejo de ações, pensamentos e emoções. É através delas que a criança gerencia seus comportamentos e suas ideias de forma autônoma e independente. Sem um bom desenvolvimento das Funções Executivas a criança pode apresentar dificuldades de aprendizagem. É importante um olhar mais atento a primeira infância visando o desenvolvimento e a aprendizagem dessas características.
Fontes consultadas:
Pantano.T, Rocca. C. Como se estuda? Como se aprende? (2015).
Leon.C, Rodriguez.C, Seabra. A, Dias.N. Funções Executivas e desempenho escolar em crianças de 6 a 9 anos de idade. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000200005
Dias.N, Seabra.A. Funções Executivas: desenvolvimento e intervenção. Temas sobre desenvolvimento 2013. https://www.researchgate.net/publication/ 281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao
Autora:
Melissa Riedel
Psicopedagoga Clínica e Institucional
• Psicopedagoga clínica e institucional – Mackenzie
• Ludoterapeuta – Instituto Cinco
• Habilitação em Deficiência Intelectual
• Atendimento clínico e adaptação escolar